Agnódice – a primeira médica do mundo
Por: Dr. Lauro Arruda Câmara Filho
O escritor Caio Júlio Higino (64 a.C – 17 d.C) nascido em Valência dos Edetanos, na Espanha, escreveu a história da grega de Atenas Agnódice (ou Agnodike), nascida no ano IV a.C, como sendo a primeira mulher no mundo a exercer a profissão na medicina.
Naquela época, na Grécia, os escravos e as mulheres eram proibidos de receber ensinamentos de medicina. Agnódice viajou para Roma a fim de aprender a fazer partos e adquirir conhecimentos de obstetrícia e ginecologia, motivada pelo fato de que as mulheres ficavam constrangidas em aceitar um homem para atendê-las durante o trabalho de parto – com isto, muitas acabavam morrendo sem a devida assistência.
Depois. Agnódice foi para Alexandria, no Egito, onde funcionava a segunda maior escola médica da antiguidade, onde fez aprimoramento médico com Herófilo (335-280 a.C). Para ser aceita na escola, ela cortou o cabelo bem curto e passou a se vestir como se fosse um homem. Quando retornou para sua cidade natal (Atenas), trabalhou como parteira e continuou a se disfarçar de homem. Para adquirir a confiança das pacientes, no entanto, ela revelava seu segredo, despindo-se quando necessário.
Obteve muito sucesso na profissão e atraiu muitas clientes, mas despertou ciúme de outros médicos. Incomodados com Agnódice e acreditando que ela fosse realmente homem, eles a acusaram falsamente de estar seduzindo suas pacientes.
Levada ao tribunal (areópago), ela se defendeu da falsa acusação, e despiu-se diante do juiz e dos jurados para provar que não era um homem. Várias de suas pacientes declararam apoio a Agnódice durante o julgamento, implorando pela sua libertação. Algumas chegaram a dizer que se ela fosse executada, iriam morrer com ela. O juiz reconheceu a injustiça que estava sendo cometida contra Agnódice, livrou-a da acusação e promulgou uma lei determinando que, a partir daquele momento, as mulheres teriam o direito de praticar a medicina na Grécia e serem remuneradas pelo seu trabalho.
Graças à ousada e corajosa atitude de Agnódice, as mulheres hoje são maioria nas faculdades de medicina.